Burle Marx e seu irmão “Sieg” tiveram uma loja de plantas e flores no Lido, em Copacabana. Certa vez, para enfeitar a loja, o paisagista trouxe uma das orquídeas de sua coleção, que acabara de florir. A planta exibia vários ramos com flores numerosas e espetaculares. Mas veio acompanhada de uma recomendação enérgica ao administrador da loja: “Não venda! É da minha coleção e muito rara”!
Aquele monumento vegetal foi colocado em lugar de destaque. Todos que entravam na loja, ao descobrirem aquela maravilha, perguntavam logo o preço. “Não está à venda. Esta é da coleção do ‘seu’ Roberto”. Alguns se decepcionavam. Outros queriam corromper o pobre rapaz: “Vende para mim! Depois você diz que roubaram ou que morreu”! Mas ele negava, respondendo que poderia perder o emprego ou, na melhor das hipóteses, levar uma carraspana!
Como a insistência era muita, o rapaz colocou uma placa improvisada: “Não Está à Venda”. Pensou que, assim, estaria livre de ficar dando explicações e negando-se aos convites subversivos. Mas se enganou! Parece que o tal cartaz estimulava ainda mais a concupiscência dos fregueses.
Até que, com o tempo, as flores começaram a fenecer e a planta voltou para a coleção. Mas a placa ficou pela loja, ora numa planta, ora noutra! E o tal rapaz percebeu que continuava uma certa curiosidade. Então fez um teste: colocou o cartaz numa begônia das mais vulgares. Entrou um sujeito e, no ato, mordeu a isca: “Por que não está à venda”? A resposta veio automática: “Porque esta planta é da coleção do Burle Marx”. O cara ficou deslumbrado: “Pô, cara! Vende pra mim! A gente acerta algum por fora!" Desta vez o rapaz cedeu, vendeu a begônia por três ou quatro vezes mais que o valor de mercado! Aí se empolgou e decidiu repetir a dose.
Por sorte, contou a história ao “Sieg”, que logo lhe cortou as asas: “Você está sendo tão desonesto quanto o cara que lhe paga por fora”. Conformado, mas não tanto, o rapaz ainda se lamentou: “Que pena! A gente podia ganhar uma grana preta”!
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